- Área: 330 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Sandra Pereznieto
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um antigo teatro de bairro construído no final do século XIX e convertido ao longo do tempo, primeiro em celeiro e depois em armazém de papel higiênico, recebe agora uma nova transformação para funcionar como residência e escritório. O Teatro (nome que se manteve no edifício apesar das mudanças de uso) se localiza no distrito tecnológico do bairro de Poblenou. A alguns metros da Avenida Diagonal e do novo Parque Central das Glorias, no coração geográfico de Barcelona.
O projeto propõe recuperar e capitalizar os valores espaciais e construtivos do antigo teatro; expor suas essências tectônicas e explorar a amplitude que o grande pé-direito de seu espaço diáfano fornece. A partir do acesso, o edifício se divide em três partes independentes: dois estúdios - um de cada lado - e, na parte central, o volume que organiza a entrada à casa. Os estúdios são iluminados através de grandes janelas que estabelecem uma relação direta com a rua e recuperam a fachada original do teatro, e contam com um espaço frontal com pé-direito duplo que recebe um mezanino superior e uma área para cozinha e banheiro no térreo.
O acesso à casa acontece através de um espaço de características já domésticas, pensado para permitir o posicionamento de um carro clássico que foi um elemento incorporado ao projeto como uma escultura e constitui uma relação de continuidade entre o espaço de acesso e o espaço central da casa. As grandes portas de correr originais de madeira, que invadiam e invalidavam as janelas dos locais, são deslocadas para seguir sendo funcionais e, agora, foram colocadas como elemento de mediação entre o espaço de acesso/estacionamento e a área central da residência.
O grande espaço central é o coração da casa. Um espaço alto e diáfano, pensado para um uso aberto, tipo loft: salas de estar e jantar, cozinha e estúdio dividem um espaço contínuo que, apesar de sua escala, se torna acolhedor graças ao acúmulo de usos, objetos e às texturas de seus materiais aparentes: madeiras, aços, tabiques e pedras.
O espaço central é iluminado e ventilado através de um pátio construído com um único gesto, o de eliminar parte da cobertura da nave original. O pátio é entendido como uma extensão do espaço principal. Um ambiente ao ar livre. Um lugar para churrascos, onde se pode aproveitar o sol enquanto se toma o café da manhã rodeado pela vegetação que invade as paredes e se desborda sobre a pequena piscina que arremata o pátio e serve como um espelho d'água para o estúdio.
Os dormitórios se localizam na parte posterior do edifício, na antiga torre da cena. Dois dormitórios no primeiro pavimento e um terceiro, com varanda, no pavimento superior, também olham para o pátio por cima da cobertura.
O projeto respeita ao máximo a condição original do edifício existente. Sua estrutura não foi modificada, mas reforçada. Suas paredes não foram demolidas, mas restauradas, e os poucos elementos arquitetônicos adicionados não afetam significativamente a obra original. Assim se constrói sem afetar o existente, entendendo que com o tempo o teatro seguramente servirá de plano de fundo de uma nova função, que terá um outro uso e uma outra vida.
